Finalmente , após várias tentativas frustradas , Ernesto Neves vai mostrar o seu talento em terras de Angola , mais exactamente em Moçâmedes , cidade onde se disputa um circuito integrado nas "Festas do Mar" . Segundo ao colaborador do "Motor" que fez a reportagem , o ambiente nesta cidade do Sul de Angola era semelhante ao que se vivia em Vila do Conde , na "Metrópole" , uma vez que apesar de estas não serem as corridas mais importantes da "Província" , o entusiasmo do público local era transbordante . Os pilotos "metropolitanos" eram "Nené" ( Lotus 62 ) , Carlos Santos ( Aurora Porsche ) e Américo Nunes ( Porsche Carrera 6 ) , que iriam defrontar um conjunto de concorrentes locais equipados com carros de Grupo 2 , excepção para Emílio Marta , que dispunha ainda do já "cansado" Ford GT40 . Vitória tranquila do campeão português , que acabaria por "deixar" o Lotus 62 em Angola , vendido a um piloto local , Valdemar Teixeira . Suspeitava-se então que "maquinaria" mais exótica estava para chegar às oficinas do Team Palma .
Como se constata através da reportagem de um jornal local , após a vitória , "Nené" foi forçado a cumprir um mergulho ritual nas águas quentes do Atlântico angolano . Para não correr risco de afogamento em tão arriscada missão , o nosso campeão fez-se acompanhar pela belíssima "Miss Portugal" 1971 , Riquita . Ninguém poderia imaginar , mas Ernesto Neves estava então a comemorar a sua última vitória , em provas de velocidade pura . O panorama do automobilismo nacional nunca mais seria o mesmo .
Resta acrescentar que Carlos Santos viria a vencer a corrida de Grupo 1 , disputada na véspera , com um Ford Capri 2600 , cedido pelo representante local da marca , Renato Fraga .Como aqui amplamente se documenta , "Nené" também era o mais "rápido" com as mulheres . E se Moçâmedes foi a última vitória nos automóveis , no "resto" muitas conquistas ( e alguns fracassos , presume-se ) haveria ainda para celebrar .
Tudo leva a crer que esta legenda seja relativa à corrida de automóveis , mas ...
Moçâmedes , Parte II
O Circuito de Moçâmedes era , como já foi dito , muito mais do que uma corrida de automóveis . Era , sobretudo , uma festa , e tudo isso está patente nas fotografias que aqui se juntam . Mas chamo , sobretudo , a atenção dos leitores para este texto de Ricardo Grilo , a quem agradeço .
"... no comando, Ernesto Neves teve o seu momento de apuro quando se apercebeu que o extintor estava a perder neve carbónica para dentro do habitáculo do Lotus, obrigando o piloto a partir com o punho o vidro do seu lado de modo a arejar convenientemente o carro. Já perto do final da corrida, Carlos Santos viria à box com uma fuga de gasolina num carburador, perdendo a segunda posição para o Porsche de Nunes. Três voltas depois, novo regresso à box e novamente a perda de mais um lugar, desta feita para o GT40 de Marta. No final, Ernesto Neves venceria e, antes da volta de honra, seria obrigado a mergulhar (vestido) nas convidativas águas da baía de Moçâmedes (note-se que se tratava das "Festas do Mar"). Podia ser pior: a água estava excelente e entre os muitos admiradores que o acompanharam no banho estava a conhecida Riquita, uma ex-Miss Portugal. Depois do banho, viria finalmente a volta de honra, o champanhe e os aplausos.
O regresso à metrópole também teve algumas histórias: Neves veio sem carro, porque o vendeu aos irmãos Fraga, importadores angolanos da Lotus. Américo Nunes também lá deixaria o seu belo Carrera 6, cedido a Herculano Areias. Quando Artur Ferreira, o reporter da (então revista) Motor encarregue de entrevistar os pilotos nacionais à chegada a Lisboa, foi ao aeroporto esperar pelos concorrentes, encontrou apenas Ernesto Neves e Carlos Santos. Como ele escreveria posteriormente na reportagem da revista, "Américo Nunes resolvera quedar-se pelas areias do Namibe,"preso"a alguma Welwitchia Mirabilis*..."
O Lotus 62 , na sua versão "Moçâmedes", visto por Luís Bívar
Américo Nunes , "Nené" e Emílio Marta , na volta dos vencedores . Mas o que é "aquilo" ? Um Renault Floride ???
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