segunda-feira, 31 de março de 2008

Complexo Desportivo do Sport Moçâmedes e Benfica,




As três fotos acima:
1. O Complexo Desportivo do Sport Moçâmedes e Benfica, 32 anos depois. Registe-se o bom estado de conservação. Bem haja!
2. As duas a seguir são do mesmo complexo desportivo,  em planta,  e em foto tirada em 1957,  fase de construção























O Governador Geral de Angola, Horácio Sá Viana Rebelo, no decurso de uma visita a Moçâmedes realizada em 1957, a ser cumprimentado pelos abnegados dirigentes do Sport Moçâmedes e Benfica, Luís de Sousa Simão, João Maurício, João R. Trindade e Mário António Guedes da Silva - que convictamente procuraram levar para a frente o projecto da construção do seu Complexo Desportivo. Nesta data tinha sido inaugurada  a 1ª fase do cais comercial e o novo edifício do Grémio dos Industriais de Pesca de Moçâmedes.

















Nesta foto podemos ver, `esq. três elementos do grupo dos "carolas" dirigentes, enquanto tentavam angariar fundos para a conclusão do pavilhão junto do Governador Geral de Angola: Vitalino Amém, Mário Guedes da Silva e Simão.

 




A LUTA PELO SONHO...


O Complexo Desportivo do Sport Moçâmedes e Benfica foi uma construção, que, como tantas outras em Moçâmedes, quase que foi «arrancada a ferros». Incluso a mísera ajuda conseguida junto do Governador Geral, foi algo dramático. Resultado: por falta de disponibilidades financeiras o ambicionado projecto, em 1975, ainda estava por terminar, incluindo a parte que iria constituir a sede directiva e administrativa do clube. Estas tiverem que passar a funcionar, provisoriamente, e à espera de melhores dias, que nunca chegaram, nos espaços inferiores das bancadas, que foi aproveitado para o efeito. Nas restantes fotos, podemos ver alguns dos abnegados dirigentes do Sport Moçâmedes e Benfica, na sua «luta» pela concretização do «sonho».

Aliás, a própria Igreja Paroquial de Santo Adrião, construida a pedido de Bernardino Freire de Figueiredo Abreu e Castro, o Chefe da 1ª colónia de fundadores que, vinda do Brasil, na Barca "Tentativa Feliz", chegou à antiga Angra do Negro em 04 de Agosto de 1849, também foi construida à custa de donativos conseguidos os esforçados colonos. Outra obra do mesmo modo construida em Moçâmedes, ou seja , através de donativos, foi o Observatório Metereológico,  edificio de características únicas que na década de 1950, alguém resolveu mandar demolir, com o argumento de desimpedir a zona próxima da Praia das Miragens.

Para sermos fiéis e verdadeiros em relação à História, estas coisas devem ficar escritas. Apesar da riqueza de Angola, e do mito da «árvore das patacas», só com muito esforço, muita luta e muita dedicação por parte de dirigentes, de alguns «carolas» e dos atletas, os Clubes desportivos conseguiam subsistir. Sem quaisquer subsídios por parte do Estado nem das Câmaras Municipais, os Clubes mantinham-se financeiramente através das pequenas quotizações dos seus associados, do precário produto dos jogos, e pouco mais. Neste contexto, era sempre uma aventura para os dirigentes dos clubes, enveredarem por quaisquer melhoramentos que os viessem beneficiar, bem como ao Desporto e à Cidade em geral, uma vez que não possuíam uma base financeira estável.

Foi por uma destas aventuras que enveredou a Direcção do Sport Moçâmedes e Benfica, quando, no ano de 1957, a 11 de Março, após várias reuniões levadas a cabo para o efeito, a sua Direcção resolveu empossar uma «Comissão Pró-Sede e Parque de Jogos» constituída pelos seguintes elementos: Intendente José da Silva Vigário (Presidente), Gaspar Gonçalo Madeira (Vice-Presidente), Mário António Gomes Guedes da Silva (Secretário), João Soares (Vogal), Arménio Joaquim Lemos (Vogal), Ernesto do Oliveira (Vogal), José Alberto Pereira Monteiro (Vogal) e Pedro Lopes da Silva (Vogal). O Benfica não possuía nem uma sede nem um campo de jogos com as condições minimamente aceitáveis e muito menos de acordo com a excelência dos seus atletas, como ficara comprovado no ano de 1956, com as vitórias alcançadas nas modalidades de basquetebol feminino e masculino


Criada a Comissão, em seguida, e por deliberação de 22 de Março de 1957, são iniciadas diversas campanhas tendo em vista a angariação de fundos entre a população, industriais e comerciantes. Outras resoluções se seguiram quanto à aquisição do terreno, projectos, cálculos de betão, exposição ao Governador Geral de Angola solicitando a comparticipação no investimento, etc., etc.. Foi assim que começaram a surgir os primeiros fundos e foi possível arrematar o terreno com cerca de 4900 mts 2 por 16.802$10 à Câmara Municipal de Moçâmedes e partir para a elaboração do projecto que incluía o parque de jogos e o edifício-sede, da autoria do desenhador-técnico, António Coelho. A Câmara Municipal da cidade ofereceu as primeiras carradas de areia, e Gaspar Gonçalo Madeira, membro da «Comissão Pró-Sede e Parque de Jogos» prontificou-se a assegurar a cobertura dos camarotes e a fornecer todo o ferro necessário para a respectiva construção a preço do custo. O produto das subsequentes angariações de fundos permitiu erguer as paredes de todo esse complexo. O sonho dos benfiquistas de um estádio completamente circundado de bancadas e camarotes com a capacidade de cerca de 4 mil pessoas sentadas, estava finalmente em marcha... Faltava, porém, para que a obra pudesse avançar o subsídio do Governo Geral, e foi perante essa necessidade que Mário António Guedes da Silva foi levado a deslocar-se a Luanda para angariar também alí donativos, tendo regressado com a quantia de 20 mil escudos que foi imediatamente aplicada.


 



Mário António Guedes da Silva (Tesoureiro) e Lourdino F. Tendinha (Presidente da Assembleia geral) expõem ao Presidente do Conselho Provincial de Educação Física, major Fausto Simões, o plano de obras para o novo complexo desportivo do Sport Moçâmedes e Benfica. Foto tirada em 08.11.1959.









































(o Postal que serviu para a angariação de fundos)

Eis algumas fotos do dia da inauguração